Início PAIS & FILHOS “Não o obrigue a gostar de tudo!”

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  Escrito por Dora Troncão

                 “Não gostamos de todo o tipo de comida e muitos dos nossos gostos vão mudando, logo, se o seu filho prefere o frango e não toca nos legumes, deixe-o comer frango até se cansar. Não o obrigue a gostar de tudo”. O alerta foi feito pelo pediatra Carlos Gonzalez durante a Conferência “Amamentação, uma vitória para toda a vida “, organizada em Lisboa, pela “Amamentos” e pela “SOS Amamentação” no âmbito da Semana Nacional da Amamentação.

 

                            Carlos Gonzalez, autor dos livros “Bésame Mucho: Como criar os seus filhos com amor” e “Um Presente para a Vida: Um Guia para Aleitamento Materno”, lembrou que “30% das crianças sofrem de excesso de peso ou obesidade e mesmo assim a maioria das mães continua a queixar-se ao pediatra que o filho não come ou que nunca comeu nada”. O médico considera que “a culpa é, em muitos casos, dos profissionais de saúde porque são raras as vezes em que dizemos a uma mãe que o filho está gordo, mas muitas em que falamos do baixo percentil, do pouco peso e de que está demasiado magro”.

                     As indicações de calorias a consumir diariamente por cada criança baixaram quase 40 por cento em 10 anos, de acordo com dados da FAO (Organização Mundial para a Alimentação, atualizados pelo investigador americano Atul Butte e apresentados por Gonzalez na Conferência. “As mães compram livros com valores desatualizados mercê da décalage entre a publicação de um artigo científico e a oficialização de dados. Não posso instruir uma mãe sobre as quantidades que uma criança deve comer. No entanto, o peso não engana: criança magra deve comer mais; criança gorda come demais…”.

                  Para além do peso, saber se os filhos têm os nutrientes necessários também preocupa as mães. Estudos internacionais revelam que reconhecidos investigadores britânicos e americanos estão em desacordo quanto às quantidades de vitaminas destinadas a cada criança. “Uma coisa é certa: o leite materno tem todas as vitaminas. Uma criança que toma leite materno precisa de carne, e não de verduras, porque necessita de ferro e zinco enquanto as restantes vitaminas, incluindo a B12, existem no leite materno”.

                    Gonzalez alertou para a vigilância das vitaminas nos casos da dieta vegetariana, um dos temas abordada durante a Conferência. “Ser vegetariano não é comer apenas maçãs. É necessário estudar e perceber que suplementos vitamínicos se têm de procurar, como o ferro e a Vitamina B12, por exemplo.” O pediatra frisou também que o consumo de algas exige cuidado. “Não daria algas a uma criança nem a uma grávida porque o exagero pode ser prejudicial à tiroide. As algas não são para usar como a alface, mas antes como os orégãos.”.

                  O médico espanhol, fundador e presidente da Associação Catalã de Aleitamento Materno, discordou da dieta Paleo (baseada na alimentação do período Paleolítico), também referida durante a Conferência, e que exclui, por exemplo, o consumo de cereais e leguminosas, referindo que “os paleolíticos não seguiam esta dieta” e garantindo que “não traz benefícios à saúde”.

                       Por outro lado, Gonzalez defendeu o método do Baby Led-Weaning na introdução da alimentação complementar das crianças a partir dos seis meses, “que promove a liberdade de as crianças explorarem os alimentos à vontade, descobrindo texturas e sabores, e aprendendo a mastigar”. Este método parece trazer grande autonomia e afinar gostos desde os seis meses de idade. A este propósito, o médico lembrou que “não gostamos de todo o tipo de comida e muitos dos nossos gostos vão mudando, logo, se o seu filho prefere o frango e não toca nos legumes, deixe-o comer frango até se cansar. Não o obrigue a gostar de tudo”. Postada por JL Pindado Verdugo