
Por Rudolfo Lago 3k968
       Circula pela internet um texto que vale leitura. É importante neste momento em que deparamos com a lista do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin e nos perguntamos o que fazer. Alguns dirão que a lista não é surpresa, que de há muito já se sabia que a polÃtica brasileira era exercida a partir de uma promÃscua relação entre financiadores e financiados. Mas a novidade é que tal relação deixou de ser tolerada. E a lista coloca nas garras da Justiça praticamente toda a elite polÃtica brasileira (elite aqui não exatamente quanto à qualidade mas quanto ao poder exercido). E o problema agora é saber o que acontecerá em seguida. 4i5e60
O texto da Unicamp parece ser o inÃcio de uma necessária reflexão sobre o atoleiro em que nos metemos. Ele colhe cinco depoimentos de cientistas ligados à Universidade de Campinas sobre a lista de Fachin e seus efeitos. Pode ser lido aqui. As diferentes visões dos professores Eduardo Fagnani (Economia), Luiz Marques (Filosofia e Ciências Humanas), Reginaldo Moraes (Ciência PolÃtica), Roberto Romano (Filosofia e Ciências Humanas) e Sebastião Velasco e Cruz (Ciência PolÃtica) centram-se em pontos diversos do problema. Mas trazem em comum a constatação de que o relatório de Fachin e os elementos que o originaram, na investigação da Operação Lava-Jato, apontam para práticas generalizadas dos partidos polÃticos brasileiros.
Todos eles – da esquerda para a direita -, ou pelo menos todos os que de fato se tornaram perspectivas de poder, afundaram num sistema em que a disputa ideológica perde terreno para certo jogo de conveniências menores. Um jogo em que a a valer mais a mera permanência no poder. Um jogo praticado por partidos sem consistência programática, formados por caciques regionais que não têm maiores interesses além de simplesmente manterem-se caciques. Um jogo de desvios de recursos, seja para a mera manutenção dessas posições polÃtica seja para o enriquecimento pessoal mesmo.
“Como governar o paÃs com 30 partidos, em geral não ideológicos, não programáticos, apenas fisiológicos?â€, pergunta o professor Eduardo Fagnani. Como observa o professor Luiz Marques, o vaticÃnio do senador Romero Jucá na sua famosa conversa com o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado não se confirmou: a crise não se estancou com a entrega da cabeça da ex-presidente Dilma Rousseff e do PT. Porque aparentemente já não se aceita que o paÃs seja governado por “30 partidos, em geral não ideológicos, não programáticos, apenas fisiológicosâ€. Para o professor Reginaldo Morais, diante da amplitude de tudo, as negociações não estão mais claras. “O paÃs está em situação de quase ilegalidadeâ€, observa o professor Roberto Romano. “A situação está muito embaralhada, justamente porque o Judiciário, que deveria ser um elemento decisivo na solução, ou a fazer parte – essencial – do problemaâ€, conclui Sebastião Velasco e Cruz.
A saÃda? Pode estar na sociedade. “Certamente, a reforma polÃtica não pode ar pelo Congresso, não pode ar pelos partidos polÃticosâ€, considera Eduardo Fagnani. Para que a sociedade, porém, possa ser ator determinante nesse processo, é necessário sair do jogo tolo e maniqueÃsta do FlaXFlu que por aqui se instalou. O paÃs precisa de menos chefes de torcida e de mais artigos como o da revista da Unicamp.