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O secretário especial da Cultura, Roberto Alvim, usou frases iguais a Joseph Goebbels. Ele diz que foi associação remota e coincidência retórica
Bruna Serra, da Record TV, com Mariana Londres e Plínio Aguiar, do R7 1c173m
O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir nesta sexta-feira (17) o secretário especial da Cultura, Roberto Alvim. A informação é do ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Luiz Ramos.
Alvim usou uma frase do Ministro da Propaganda da Alemanha nazista ao anunciar o Prêmio Nacional das Artes. O secretário negou citação direta, disse desprezar o Nazismo e falou que houve uma “associação remota e uma coincidência retórica entre os discursos”.
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Em obra de Peter Longerich, uma biografia, o líder nazista Goebbels disse: “A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”.
A repercussão da fala do secretário, no entanto, foi tão grande que houve pressão do Congresso, do Judiciário e da comunidade judaica para a sua demissão. No final da manhã, Alvim foi chamado ao Palácio do Planalto para conversar com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
As primeiras reações, logo no início da manhã, vieram dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, este último judeu. Maia publicou nas redes sociais um pedido de demissão e Alcolumbre ligou para o presidente da República. Partidos, como o Republicanos e o PSDB, também repudiaram a fala de Alvim.
O secretário da Cultura ou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo. https://oglobo.globo.com/cultura/roberto-alvim-copia-discurso-do-nazista-joseph-goebbels-causa-indignacao-24195523 …
Roberto Alvim copia discurso do nazista Joseph Goebbels e causa indignação 2p6g69
Citação do secretário da Cultura de Bolsonaro aconteceu em vídeo divulgado para anunciar Prêmio Nacional das Artes
oglobo.globo.com
O vice-presidente da Câmara dos Deputados e presidente nacional do Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira, repudiou de forma veemente a postura do secretário Alvim. “Tornou-se lugar-comum acusar a esquerda dos atos espúrios cometidos por quem quer que seja, dentro do governo ou fora dele. Nessa disputa estúpida de discursos vazios, ausente de razoabilidade, quem perde é o povo brasileiro”, argumentou, acrescentando que o nazismo “com todo seu mal nunca deve ser esquecido para não ser celebrado, mas para nunca mais ser praticado no mundo”. Por fim, Pereira aponta que Alvim deve ser demitido.
O PSDB indagou nas redes sociais “como brasileiro, fruto de um dos povos mais miscigenados do mundo, pode pagar de nazista?” Em seguida, afirmou que o governo federal tem duas opções: “demitir o secretário Alvim” ou “ficar com o rótulo de nazista”.
Como brasileiro, fruto de um dos povos mais miscigenados do mundo, pode pagar de nazista?
O governo Bolsonaro tem duas opções:
1) Demitir o secretário Alvim
2) Ficar com o rótulo de nazista.https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/01/em-video-alvim-cita-goebbels-e-provoca-onda-de-repudio-nas-redes-sociais.shtml …Em vídeo, Alvim parafraseia Goebbels e provoca onda de repúdio nas redes sociais – 17/01/2020 -… l6e5c
Frase, estética e trilha sonora usadas no pronunciamento levam internautas a comparar divulgação com propaganda nazista
folha.uol.com.br
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, afirmou que “há de se repudiar com toda a veemência a inaceitável agressão” que representa a postagem feita pelo secretário de Cultura. “É uma ofensa ao povo brasileiro, em especial à comunidade judaica”, disse.
O ministro do STF Gilmar Mendes disse, em sua conta nas redes sociais, que a riqueza da manifestação cultural “repele” o dirigismo autoritário nacionalista. A arte é, segundo Mendes, transformadora e transgressora. “O que faz do Brasil um país grandioso é a força da sua cultura, fruto de um povo profundamente miscigenado e diversificado”, afirmou.
A riqueza da manifestação cultural repele o dirigismo autoritário nacionalista. A arte é, na sua essência, transformadora e transgressora. O que faz do Brasil um país grandioso é a força da sua cultura, fruto de um povo profundamente miscigenado e diversificado.
A comunidade judaica também publicou comunicado sobre a fala. Em nota, a Conib (Confederação Israelita do Brasil) considerou ser “inaceitável o uso de discurso nazista” pelo secretário da Cultura. “Emular a visão do ministro da Propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels, é um sinal assustador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida”, afirmou.
“O Brasil, que enviou bravos soldados para combater o nazismo em solo europeu, não merece isso. Uma pessoa com esse pensamento não pode comandar a cultura do nosso país e deve ser afastada do cargo imediatamente”, finalizou.
Judeus pela Democracia emitiram um comunicado dizendo que “não é apenas um plágio, é um plágio estético, cultural, ideológico”. “Estamos diante do próprio discurso nazista”, afirmou.